quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

The Black Keys - Brothers


The Black Keys - Brothers (2010)

01. Everlasting Light
02. Next Girl
03. Tighten Up
04. Howlin’ For You
05. She’s Long Gone
06. Black Mud
07. The Only One
08. Too Afraid To Love You
09. Ten Cent Pistol
10. Sinister Kid
11. The Go Getter
12. I’m Not The One
13. Unknown Brother
14. Never Gonna Give You Up
15. These Days

Download
...

Talvez por estar ligado às artes visuais, antes de ouvir um álbum, atento sempre na sua capa. Primeiro porque gosto de as apreciar graficamente e depois porque, muitas vezes, contêm pistas para o que se encontra no seu conteúdo.
Este caso não foi excepção e dele podem se tirar algumas ilações: primeiro a simplicidade da composição (o que nem sempre significa que foi fácil chegar a ela…), com apenas um fundo preto e letras brancas e vermelhas; depois o conteúdo do texto: “Este é um álbum dos Black Keys. O nome deste álbum é Brothers”. Simples, directo, eficaz.
O nome do álbum ser “Brothers” é outra das coisas que carrega um significado especial. É um rótulo mais do que adequado para caracterizar a relação entre Patrick Carney e Dan Auerbach, camaradas de longa data, desde que começaram com “The Big Come Up”, em 2002.

Na altura, e se calhar ainda hoje, houve quem os rotulasse de duo à la White Stripes, com ecos de Led Zeppelin mas o que é certo é que as comparações, apesar de lisonjeantes, são também redutoras, pois os Black Keys são muito mais do que um pastiche das suas influências.
Contudo, não podemos estar à espera de ver algo revolucionário ou de grande mudança sónica em “Brothers”. Os Black Keys já andam nestas lides há muito tempo e, portanto, já têm uma marca muito distinta e que se torna impossível de abandonar. Assim como não se pode admitir a estagnação, também não se pode exigir a repentina reinvenção.
Ainda assim, e com a colaboração de Danger Mouse na produção, os Black Keys conseguiram atirar para a mistura alguns elementos que, no meio da negridão geral do álbum, o polvilham com alguma cor e se fazem distinguir discretamente.

Voltemos à capa. Há um elemento que, apesar de ter um carácter discreto e normalmente ser percebido como background, destaca-se e assume o papel na caracterização deste disco: a cor preta. De facto, muito do que se pode encontrar em “Brothers” tem paralelismo com esta cor. Não quero dizer com isto que a música é soturna, arrastada e sem vida; refiro-me mais ao seu peso, ao ritmo forte e melodias assombradas pelo blues fantasmagórico de Robert Johnson e Howlin’ Wolf, da electricidade de Muddy Waters e do poder da soul e do funk da Motown Records. Todas estas influências muito bem compiladas e refinadas num excelente disco.

O único ponto onde, do meu ponto de vista, os Black Keys podem ter estado menos bem foi na extensão da duração do álbum. Quinze temas parece-me um pouco a mais do que a dose recomendada, pois aquilo que é demais às vezes também pode levar à erosão.
Não obstante, não restam dúvidas: este é um dos melhores álbuns dos Black Keys.

Escrito por Miguel Coelho

...